Metade do bairro do Vale da Amoreira, na Margem Sul, nem parece de famílias carenciadas: de um lado, carros velhos e ferrugentos, muitos abandonados – mas noutra parte do bairro brilham os automóveis de alta cilindrada da marca Audi, Mercedes, BMW, cada um para cima de 50 mil euros.
"Sinais de riqueza á vista de todos denunciam quem vive á conta do povo português, honesto, lutador e que todos os dias dá o litro para ganhar o seu dinheiro para com isso conseguir ter as suas coisas,os seus impostos pagam os grandes carros de pessoas que vivem com o rendimento minimo,que têm casas oferecidas por nós" os camelos que pagam os impostos" fazem se de coitadinhos, que passam a vida no café e á porta de casa sem fazer nada e que depois andam a passear com automóveis de alta cilindrada. Onde está a justiça nisto????"
Segundo os números oficiais, quatro mil moradores do Vale da Amoreira – entre os 18 mil do bairro – recebem o Rendimento Social de Inserção. Uma moradora do bairro, reformada, de 64 anos, vive num primeiro andar, nas imediações dos Correios – e o que vê todos os meses deixa-a indignada: "Chegam em grandes carros e custa muito vê-los estacionar, enquanto as mulheres vão lá dentro levantar o subsídio. Nunca fizeram nada na vida. E pessoas como eu, que trabalharam toda a vida, recebem 420 euros de reforma." Um casal com dois filhos menores recebe, todos os meses, 511 euros de Rendimento Social de Inserção.
Os sinais exteriores de riqueza de moradores dos bairros sociais que vivem do subsídio multiplicam-se pela Grande Lisboa: Ameixoeira, Chelas, Musgueira e Armador. "Gostam de mostrar os carro durante o dia, mas escondem-nos à noite, com medo de grupos rivais" – diz ao CM uma fonte policial. Estes falsos pobres vivem, principalmente, do tráfico de droga e das redes de prostituição.
Ao longo do ano passado, 25 676 famílias perderam o subsídio. O motivo oficial é "incumprimento do contrato" – quer dizer, por outras palavras, que foram apanhados no crime.
A fiscalização é difícil. Os técnicos da Segurança Social que se deslocam aos bairros vivem no fio da navalha e em risco permanente. "Quando batemos à porta, tudo pode acontecer", diz ao CM um deles, que pede para não ser identificado, responsável pela fiscalização na zona das Olaias, em Lisboa.